sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Fernando Prass,Patrimonio da Colina





Estava lendo as materias do SuperVasco e encontrei esse excelente texto:


Tenho enorme gratidão pelos Drs. Roberto Horcades e Celso Barros, respectivamente presidente e possuidor do Fluminense. Estou certo de que os demais vascaínos também. A cada vez que vejo uma atuação do goleiro Rafael, festejo o dia em que um emissário das Laranjeiras foi à Vila Velha (ES), onde o Vasco fazia sua pré-temporada em janeiro de 2009, e induziu o arqueiro a forçar sua saída do clube. Deslumbrado, Rafael cometeu sucessivos atos de indisciplina e abriu caminho para a sua transferência. Hoje, o Vasco tem Fernando Prass e o Fluminense, um gol vazio. Obrigado, Roberto Horcades! Obrigado, Celso Barros! Os senhores são os doutores da alegria vascaína.

O juramento de Hipócrates, que certamente os Drs. Roberto Horcades e Celso Barros renovam a cada centímetro de sua exitosa caminhada profissional, não se aplica ao futebol, mundo paralelo com ética e princípios próprios. Na reta final do Campeonato Brasileiro de 2008, o Tricolor deflagrou o assédio a Rafael. Naquele momento, Vasco e Fluminense lutavam rodada a rodada contra o rebaixamento.

Hipocrisia achar que os dirigentes do Tricolor avançaram qualquer sinal. Futebol é negócio e, como tal, nada mais lícito do que se cobiçar os melhores do mercado. Que o diga o próprio Fluminense. Em 2005, na semana da final do Campeonato Carioca, o clube fechou a contratação de três jogadores do Volta Redonda, seu adversário na final. De fato, três notáveis atletas, que já eram desejados por outros clubes: o goleiro Lugão, que teve um problema de saúde e não seguiu no Fluminense, o lateral Schneider e... quem mesmo? Confesso que esqueci.

Eis que agora a máquina de aliciamento das Laranjeiras volta a funcionar, como de hábito em meio à temporada. Jornais noticiam que emissário do Fluminense teria se reunido com Fernando Prass, justamente o goleiro que ocupou o lugar do tão desejado Rafael I, o Intransponível. O Tricolor negou. Prass, também. O fato é que um empresário que se diz ligado ao Fluminense espalhou a notícia entre os jornalistas, jogando carvão na lareira dos boatos.

Não é de se estranhar que surjam no noticiário informações de que o Fluminense cobiça um dos melhores goleiros do Brasil justamente no momento em que o clube sofre a falta de um camisa 1, um camisa 12, ou, vá lá, um camisa 22. É preciso dar uma satisfação à torcida, que não agüenta mais perder pontos no Brasileiro e ver a liderança ameaçada pelas sucessivas falhas de seus arqueiros. O Tricolor não tem goleiros. Tem peneiras com luvas e camisa de mangas compridas.

Quais são os insumos que transformam um jogador em ídolo de uma torcida? Fundamentalmente, talento, carisma e tempo de casa. Fernando Prass tem os dois primeiros. Está construindo o terceiro. Em menos de dois anos, transformou-se em um dos mais assediados jogadores do Vasco. Pela torcida, que fique bem claro.

Fernando Prass não é modelo para escultores. É raro vê-lo fazer uma ponte a esmo ou esticar o braço no vazio. Não se desperdiça em saltos dispensáveis ou em acrobacias de artifício, como alguns colegas de profissão. Trabalha com eficiência e discrição. Está sempre bem colocado. Raramente falha. Sua técnica em sair do gol aos pés dos atacantes deveria ser gravada em DVD e vendida a goleiros iniciantes. Uma barraquinha na Rua Álvaro Chaves seria demonstração de grande tino comercial.

Mais do que um goleiro, Fernando Prass é patrimônio do Vasco. Um jogador como ele ajuda a multiplicar torcida. Sem estardalhaço, sem fazer espuma, Prass é hoje um dos jogadores de maior carisma do elenco, notadamente junto ao torcedor infantil. Basta ver o enxame de crianças que o cerca ao fim dos treinos em São Januário ou o sem-fim de camisas de goleiro, tamanhos de quatro a 12 anos, que circulam pelas arquibancadas e sociais da Colina. Há algum magnetismo entre o goleiro e os pequenos vascaínos. Talvez seja sua timidez. Talvez a sensibilidade divina que acomete pais de gêmeos - legislo em causa própria.

Talento, carisma e tempo. Os dois primeiros vêm de fábrica. O terceiro depende da ampulheta. Em menos de dois anos, Fernando Prass tornou-se um ídolo do time. Mais dois anos, certamente será um ídolo do clube. Trata-se de uma diferença sutil, que permite ao jogador pular das páginas de jornal, de validade cada vez mais imediata, para os livros de história.

Que a Muralha da Colina, além das bolas adversárias, barre invasores, aventureiros e corsários do futebol!

Quanto aos Drs. Celso Barros e Roberto Horcades, mais uma vez, obrigado por aquela tarde de janeiro de 2009 em Vila Velha.

E que busquem um goleiro em outra freguesia!


S.V

Abraço



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