Não é de se estranhar que surjam no noticiário informações de que o Fluminense cobiça um dos melhores goleiros do Brasil justamente no momento em que o clube sofre a falta de um camisa 1, um camisa 12, ou, vá lá, um camisa 22. É preciso dar uma satisfação à torcida, que não agüenta mais perder pontos no Brasileiro e ver a liderança ameaçada pelas sucessivas falhas de seus arqueiros. O Tricolor não tem goleiros. Tem peneiras com luvas e camisa de mangas compridas.
Quais são os insumos que transformam um jogador em ídolo de uma torcida? Fundamentalmente, talento, carisma e tempo de casa. Fernando Prass tem os dois primeiros. Está construindo o terceiro. Em menos de dois anos, transformou-se em um dos mais assediados jogadores do Vasco. Pela torcida, que fique bem claro.
Fernando Prass não é modelo para escultores. É raro vê-lo fazer uma ponte a esmo ou esticar o braço no vazio. Não se desperdiça em saltos dispensáveis ou em acrobacias de artifício, como alguns colegas de profissão. Trabalha com eficiência e discrição. Está sempre bem colocado. Raramente falha. Sua técnica em sair do gol aos pés dos atacantes deveria ser gravada em DVD e vendida a goleiros iniciantes. Uma barraquinha na Rua Álvaro Chaves seria demonstração de grande tino comercial.
Mais do que um goleiro, Fernando Prass é patrimônio do Vasco. Um jogador como ele ajuda a multiplicar torcida. Sem estardalhaço, sem fazer espuma, Prass é hoje um dos jogadores de maior carisma do elenco, notadamente junto ao torcedor infantil. Basta ver o enxame de crianças que o cerca ao fim dos treinos em São Januário ou o sem-fim de camisas de goleiro, tamanhos de quatro a 12 anos, que circulam pelas arquibancadas e sociais da Colina. Há algum magnetismo entre o goleiro e os pequenos vascaínos. Talvez seja sua timidez. Talvez a sensibilidade divina que acomete pais de gêmeos - legislo em causa própria.
Talento, carisma e tempo. Os dois primeiros vêm de fábrica. O terceiro depende da ampulheta. Em menos de dois anos, Fernando Prass tornou-se um ídolo do time. Mais dois anos, certamente será um ídolo do clube. Trata-se de uma diferença sutil, que permite ao jogador pular das páginas de jornal, de validade cada vez mais imediata, para os livros de história.
Que a Muralha da Colina, além das bolas adversárias, barre invasores, aventureiros e corsários do futebol!
Quanto aos Drs. Celso Barros e Roberto Horcades, mais uma vez, obrigado por aquela tarde de janeiro de 2009 em Vila Velha.
E que busquem um goleiro em outra freguesia!
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Fernando Prass,Patrimonio da Colina
Estava lendo as materias do SuperVasco e encontrei esse excelente texto:
S.V
Abraço
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